Amanhece
Junho. Manhã gelada. Normal para
quem mora no Sul do Brasil. Ao meu redor, à minha frente, ao meu lado, um grupo
de quase crianças ainda, no calor adolescente reorganizando a sala de aula após
o feriado prolongado. Pra variar, às vezes é preciso dar “um tranco” em alguns. Isso não é
legal, mas às vezes é o único jeito para fazer
acordar. Será mesmo?
Por questões técnicas começamos a
semana reorganizando as carteiras na sala, depois de algumas reformas no
prédio. E no frenesi da arrumação, engatamos a segunda, continuação da correção de atividades feitas na semana
anterior. É preciso um crowdfunding
para alavancar a terceira, mas alguém me
diz “faltei na aula passada” para justificar o caderno ainda fechado.
Existem também o “meu caderno acabou” entre
outras coisas do gênero, e o meu comedimento
não permite respostas como “e o kiko”. Respiro,
penso o nome dos sete anões e dou algumas sugestões como faça numa folha à
parte e depois se organize.
“Estou indo” e “daqui
a pouco eu faço” para alguns pode ser amanhã, se é que vão lembrar. Pais de adolescentes sabem bem o que é isso e requer exercício diário. Exercício que pode ser uma tarefa leve ou um pesado fardo. E assim ecoa em meu ouvido a voz
de grandes mestres: “...devemos levar o adolescente a vencer o medo que ele tem
dele mesmo...” – que medo é esse? E
parafraseando Firace, os pais dão a vida ao filho, depois o leva à escola onde
o professor o conduz à luz. Qual é mesmo o significado da palavra aluno?
Din don din don
... está na hora de ir para outra
sala...

Nenhum comentário:
Postar um comentário