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domingo, 26 de julho de 2015

O conto

O Insólito Atalho

José errava pela sinuosa via que o conduziria a sua campônia vila como já lhe era costumeiro. Contudo, o rapaz, de modo a evitar chegar em casa ao anoitecer  tão gélido, decidiu pegar um atalho que lhe cortaria longa distância.

O jovem já andara por aquele insólito atalho antes, mas tem uma aterradora sensação de estranheza em seu âmago. No entanto, ignora-a e segue seu rumo. Tal atalho havia uma reputação de maldito, pois lá, contavam-se lendas, jovens desapareceram ou então, como diziam aqueles mais supersticiosos, foram raptados por uma terrível criatura que lá habitava. José bem conhecia essas histórias, porém, devido a seu atroz ceticismo, jamais lhes dera crédito até então. Quanto mais andava, mais percebia que a via se estreitava e fazia-o andar em um passo mais lento para que se evitasse qualquer deslize.

Enquanto perfazia o atalho com sua marcha debilitada, percebe a sua frente a silhueta esguia e alvíssima d'um senhor que trajava um fino tricórnio e roupas maltrapilhas que, no entanto, mostravam que no passado aquelas vestimentas eram de alta costura, e em sua direção também caminhava. Certa aflição acometeu o garoto ao ver o velho, mas logo tratou de ignorá-la e novamente retoma seu passo, agora em direção ao senhor. Dentre breves passos, que, para ele, duraram uma eternidade, o jovem alcançou o velho. Assim que pôde ver as feições que o tricórnio escondia, se aterrou com o que vê. O esguio velho, ou ao menos que pensara ser um velho, possuía feições idênticas às dele e ao percebê-lo, num ímpeto de pânico, José exclama: - Quem é você!? Como? Sou eu!?

O senhor, serenamente, o interpela e responde: - Não. Não, meu caro... Ainda não, mas dizer-te-ei, se novamente pela selva minha passares...

Antes mesmo dele terminar seu vaticínio, José juntou as forças que lhe restavam, correu em direção oposta e jurou a si mesmo que jamais por lá passaria novamente.

 

(G.N.Jr – 3º B/2022)

 


O conto

           conto é um gênero literário que possui unidade de fatos e ações em uma estrutura narrativa, ou seja, um único episódio é narrado. Geralmente, apresenta um número reduzido de personagens.  O espaço e o tempo são delimitados. Não há análises detalhadas de personagens ou ambientes. Trata-se de uma narrativa mais concentrada e breve, se comparada a outros gêneros, como o romance, a saga, a novela. Emprega linguagem geralmente de acordo com a norma-padrão e verbos no passado.


Meu pequeno flashback

Dias atrás, minha mãe pediu para eu  arrumar meu armário. Comecei a revirar as coisas, a jogar algumas fora e acabei achando uma caixinha onde tinha uns  objetos  guardados, da época em que eu morava perto da praia. Coisas da escola, chaves que eu achava e pulseirinhas de conchinhas que alguns colegas faziam e me davam.
Vendo essas coisas, comecei a lembrar-me de quando eu tinha que almoçar todos os dias mais cedo para poder ir estudar. E que eu passava por praias lindas para chegar à escola, que era muito longe.   
Era longe para ir estudar, mas era a escola mais perto. Eu andava uma boa parte a pé e quase tudo que eu achava, que desse para pendurar na minha mochila, eu pendurava. Tinha muitas chaves, chaveiros, conchinhas e as pulseiras.
Ah, como era bom naquela época! Eu já havia mudado de endereço várias vezes, mas as chaves, chaveiros, conchinhas e pulseiras que eu tinha pendurado na minha mochila estavam ali guardadas em uma caixinha.                                                                  
De repente, me dei conta de que havia passado muito tempo que eu estava ali, pensando, e que já estava atrasado para a aula.  Saí correndo para me arrumar e ir ao colégio. Mas a caixinha de recordações continua lá, fazendo parte da minha história.

Roger Peirot -  2°  Ano do Ensino Médio – Turma B – 2015.               
Colégio Estadual Arcângelo Nandi – Santa Terezinha de Itaipu - PR


A bolsinha no fundo da gaveta

Hoje pela manhã, fui procurar meu boletim escolar que havia perdido. Procurei na sala, na cozinha, até que cheguei ao meu  quarto. E enquanto procurava numa gaveta, encontrei uma bolsinha que havia ganhado de minha irmã por parte de pai.
Peguei a bolsinha na mão e fiquei parada, apenas olhando.    E em questão de segundos, voltei no tempo. Eu podia ver nitidamente minha irmã descendo do carro, com aquela bolsinha embrulhada apenas por uma sacolinha, me cumprimentando  com rápido abraço tímido. Era tímido, porque nós duas tínhamos pouco contato uma com a outra, já que morávamos a quilômetros de distância.
Naquele dia, era chá de bebê de um priminho meu, e nós duas nos encontramos lá. Tiramos fotos e logo  criamos intimidades para contar até segredos. Então trocamos os números de nossos celulares para nunca mais perdemos  contato.
Depois de trocarmos os números, fomos para a frente da casa, nos sentamos e assim conversamos por horas e horas.
E foi assim que naquele dia criamos um vínculo de irmãs, como se tivéssemos sido criadas juntas. Um vínculo cheio de amor e amizade que nunca será desfeito.
Quando me dei conta, já era meio dia e ouvi minha mãe me chamar já pela segunda ou terceira vez para o almoço. Ao me sentar à mesa, peguei o celular e mandei mensagem para minha irmã, agradecendo-a por  ter ido me ver naquele dia, quando tudo começou, e também por  permanecer na minha vida até hoje.
                            
 Milena Cruvinel -   2°  Ano do Ensino Médio – Turma B – 2015.
Colégio Estadual Arcângelo Nandi – Santa Terezinha de Itaipu - PR


O assassino

Parte dos assassinatos ocorria na ponte, ao cair da noite, quando as vítimas ficavam sozinhas. Eu  dava dinheiro a elas em troca do serviço que era  oferecido a mim.
Depois eu as levava até minha casa, no monte, onde eu as degolava, depois as esquartejava e enterrava, tudo em covas distintas, e no fim, rezava pela alma delas.
Fazia covas para cada parte do corpo da minha querida vítima, e a cada uma que eu matava, abria outra cova ao lado. Os pés e as mãos eu enterrava juntos.
Elas me imploravam para não fazer, às vezes era até engraçado vê-las ali chorando e dizendo não à própria morte.
E agora, depois de tudo isso, estou aqui nessa sala, tendo que confessar e depois ainda virar mulherzinha de um presidiário.
Se bem que não vai ser tão ruim, até porque não vou precisar trabalhar para comer. Talvez daqui  algum tempo eu morra com alguma doença, ou algum coleguinha de presídio me mate.  Mas ainda assim, não me arrependo do que fiz.
(Larissa Seguetto – 9º Ano – Turma A – 2015)
Colégio Estadual Arcângelo Nandi – Santa Terezinha de Itaipu - PR


Lembrando o passado

              Estava aqui, deitada no sófa, sem fazer nada, quando veio a vontade de olhar algumas fotos do meu passado.  Fui para o quarto pegar a caixinha onde guardo as fotos, abro a mesma  e começo a olhar as fotos.  De repente  deparo com uma que chama muito a minha atenção.  Na foto está eu e minha namorada.  Me lembro desse dia como se fosse hoje.
             Eu,  Marlene e Uriah,  o namorado dela, estávamos no parque nos divertindo muito. Depois de tudo sentamos no gramado e fizemos um piquenique, comemos e ficamos deitados sobre a toalha.
              Na hora de irmos  embora, recolhemos a toalha e guardamos as coisas no cesto. Depois pedi para o Uriah tirar uma foto minha e da Marlene juntas.  A foto ficou linda,  então eu resolvi revelar.
         No dia seguinte ela me ligou chorando e falando que o Uriah pediu um tempo no relacionamento deles. Fiquei muito triste e feliz ao mesmo tempo, pois sempre tive uma quedinha por ela.
           Semanas se passaram, os dois voltaram e eu fiquei muito triste com isso, mas como ela era minha melhor amiga e eu queria vê-la feliz, tive que me mostrar feliz quando estava com eles.
            Uma noite Marlene me chamou para irmos a uma balada, pois deveria achar alguém pra mim. Mal sabia ela que eu já havia encontrado, mas essa pessoa  já tinha namorado.  Durante a festa fiquei com alguns rapazes, mas não consegui tirá-la da minha cabeça. Depois da balada eu resolvi ir embora.
        Acordei com meu celular tocando, levantei e fui ver quem estava me ligando, atendi rapidamente quando vi que era Marlene. Ela falou que viu Uriah com outra ontem e decidiu terminar com ele. Fiquei feliz com a notícia e tomei a decisão que me declararia pra ela.
             Quando cheguei em sua casa, fui conversar com ela. Depois de algumas conversas decidi me declarar. Quando me declarei ela ficou confusa e pediu um tempo pra processar as informações.     
            Depois de uns dois meses ela me ligou falando que queria me encontrar. Marcamos de nos ver no parque. Quando cheguei lá, ela veio correndo me abraçar, sentamo-nos no gramado e começamos a conversar.
        Após algum tempo, ela decidiu falar sobre nosso relacionamento. Fiquei meio nervosa imaginando sua resposta. Ela falou que poderíamos nos dar uma chance. O nervosismo passou e a felicidade tomou conta de mim.
                Nem parece que se passaram dois anos desde aquele momento feliz e ainda estamos juntas.
            Lembrar disso me deixou com um sorriso bobo nos lábios e mal percebi quando Marlene chegou.
                – Lynn, cheguei! – Falou ela e continuou – Onde você está?
                – Oi!  Vem aqui no meu quarto.
                Em pouco tempo ela entra no quarto.
                – Sabe – diz fazendo uma pausa – acho que já está na hora de irmos para o próximo passo.
                – Próximo passo? – pergunto confusa.
                – Sim, o nosso casamento.
                – Isso é serio? – pergunto ainda boba.
                – Sim, nós vamos nos casar, se você quiser é claro.
                – Mas é claro que eu quero­ – digo indo abraçá-la.
                – Ótimo, pois quero providenciar as coisas o quanto antes.
                Então começamos a providenciar tudo, pois Marlene quer casar o mais rápido possível e eu também.
                                                   (Texto: Maria Luiza; digitação: Larissa Seguetto– 9º A/2015)                             

O sonhador

              Hoje cheguei mais cedo ao trabalho. Como fui o primeiro a chegar  na empresa, me sentei e fiquei pensando. Lembrei de um dia muito chuvoso, quando  insatisfeito com meu trabalho, comecei a procurar novos empregos,  mas com meu histórico escolar ruim, não poderia achar um serviço  do meu gosto, e nervoso depois  de  um dia de muita frustação fui para casa.
         Então, no outro dia fui a uma lojinha de remédios indígenas para achar alguma coisa que melhorasse meu humor. Após ter comprado alguns comprimidos, fui para mais um péssimo dia de trabalho. Depois do trabalho, quando cheguei em casa, analisei a bula do remédio que dizia para tomar uma pílula e ir dormir.  Preparei o chá, tomei e logo fui para a cama. Em seguida comecei a entrar  num tipo de transe, onde nada mais fazia sentido, um mundo surreal onde eu olhava para os lados e via apenas meu chefe pisando em mim, como se eu fosse uma formiga sendo esmagada. Fui para uma guerra onde  facilmente morri e apareci em uma floresta sombria, cheia de olhos vermelhos atrás dos galhos das arvores. Tentei correr,  fui abatido, e num piscar de olhos apareci em uma montanha muito alta e fria, mas a paisagem daquele lugar era magnifico, com rios, animais e lá embaixo um abismo escuro com um pontinho de luz.
             Enquanto estava em meu sonho, não me lembro se  estava dormindo ou se era meu dia difícil,  meu corpo estava agonizando e suando muito na cama. E antes que em meu sonho eu pudesse chegar à luz, tive uma parada cardíaca e acabei morrendo. Depois de dois dias lembraram de me procurar, e quando me acharam morto, fizeram um velório digno, onde se encontravam grandes amigos de trabalho e os rapazes do cemitério que iriam enterrar o meu caixão.
              De repente me dei conta de que hoje, aqui vivo,  só  na memória de alguns.

                                             (Texto: Brayhan; digitação: Larissa Seguetto – 9º A/2015)                                            
  
 Nada além de um sonho

           Hoje cheguei mais cedo em casa, depois de um dia produtivo na empresa. Liguei a TV e vendo uma partida de futebol, lembrei de uma vez que estava em casa tranquilo, por volta da uma da tarde, quando passou um carro anunciando um peneirão de futebol, de um time do Rio Grande do Sul,  às 3 da tarde. Fiquei todo empolgado, falei pros meus pais, mas tinha um problema, a inscrição do teste custava 30 reais.
 Na hora desanimei, porque sabia que meus pais não tinham condições para pagar. Então eles, meus pais,  tiraram o dinheiro da comida pra realizar o meu sonho e me disseram assim: “filho, você vai realizar seu sonho”. No mesmo momento agradeci  a meus pais e fui para o peneirão.
Depois cheguei em casa com um peso na consciência, olhando meus pais sem ter o que comer, mas no dia seguinte ligaram pra eles e disseram que eu tinha sido selecionado.  Nisso meus pais me contaram. Fiquei muito feliz imaginando  que  eu ia tirar meus pais daquela situação... Então alguém gritou “gol”.  De volta à realidade, percebo que aquele  sonho de um adolescente não passou disso,  um sonho. O importante é que agora, bem resolvido, tenho outros objetivos. Afinal, deixar de sonhar é morrer, como diz um pensamento: “O sonho é meu alimento, não sei viver sem sonhar, pois no sonho realizo coisas que  não posso alcançar”.
                                                                         
   (Texto:  Wesley ; digitação: Larissa Seguetto – 9º A/2015)         








                

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